Eu fui!
Vários fãs se têm questionado acerca desta minha ausência. Descansai, meu povo, é apenas temporário. Mas a história não começa aqui...
Há muitos, muitos anos, ainda eu tinha menos de um metro e meio, houve alguém que me influenciou sobremaneira em relação ao meu futuro que é hoje, actualizando a cronologia, o meu presente e até mesmo, em certas etapas que já ultrapassei, o meu passado. Falo do meu padrinho, devoto incondicional dos Led Zeppelin. Usava o cabelo encaracolado comprido (com franja, claro) até ao dia em que se apresentou na Carregueira para fazer a recruta. Foi pela sua mão que dei os primeiros passos neste universo que é o mundo da música. Foi com ele que ouvi pela primeira vez aquela linha imortal do baixo de Money, dos Pink Floyd, ou que apreciei o lado negativo da música popular contemporânea, começando num Bruce Springsteen e acabando num Brian Adams, passando por tantos outros que não lembram nem ao menino Jesus.
O meu padrinho, que se chamava Paulo, morreu, entretanto. E foi sobre a sua campa que eu jurei: Paulo, meu... juro-te que ainda hei-de subir ao palco do Rock in Rio.
A vida, já se sabe, dá voltas que nunca mais acaba. Bom, para ele acabou, mas... não interessa. No meio destas voltas da vida, eis que dou por mim a cumprir a minha promessa: esta semana não tenho feito outra coisa se não subir ao palco do Rock in Rio. Eu fui! Desde andaimes a roldanas, cordas, esticadores, manivelas, correntes, holofotes, munição sonora, colunas, hoofers, subhoofers (por aí fora, até ao fim da família), um pouco de tudo me tem passado pelas mãos. E pelas costas.
Para todos quantos me criticaram quando optei por fazer parte do mundo da música: esta foi a decisão acertada. O trabalho de roadie é duro, mas ganho 125 euros ao dia. Em que escritório é que se ganha assim?
Bom, agora tenho que ir. Começaram a chegar os primeiros camiões do Paul McCartney...