Querida Guitarra
quinta-feira, julho 29, 2004
  Música no Coração
Falemos de coisas sérias.

Desde o início deste ano tem-se assistido a uma série de situações que surpreendem. Ou, pelo menos, surpreendiam. Cada vez mais se vão tornando usuais.

Há alguns anos atrás, um tal de Álvaro Covões, um senhor de quem não vou dizer o nome, porque não vale a pena, pegou numa agenda e num telefone e decidiu fundar uma empresa de organização e promoção de eventos musicais. Não direi obviamente o nome dessa empresa. Começou por baixo, mas foi subindo com alguma rapidez, fruto de uma desenvoltura acima da média num país habituado à iniciativa de estagnação e impavidez. Fez a diferença e a tal empresa acabou por conseguir organizar coisas como o Festival Super Bock - Super Rock, o Festival Sudoeste, etc. Foi uma lufada de ar fresco e de rejuvenescimento do panorama de concertos português, o qual tinha um público fragilizado pela escassez de eventos, logo pouco com um grau de exigência duvidoso: na melhor das hipóteses, duas vezes por ano o velho Estádio de Alvalade brindava os portugueses com meia dúzia de artistas de grande nome. Portanto, a época de crescimento da dita empresa foi altamente positiva e, se hoje temos um circuito festivaleiro bastante acima do potencial de público nacional, com uma diversidade de fazer inveja a países bem mais desenvolvidos do que o nosso, devemo-lo, em grande parte, ao tal senhor da agenda e do telefone.

Acontece que há pessoas para quem o muito é sempre pouco. Para estas, só quando se consegue o todo é que a inquietação conhece o fim. E temos que, hoje, a tal empresa do tal senhor tem o monopólio de grandes concertos e grandes festivais de Portugal. Isso é perigoso.

E tal até nem seria particularmente grave se as coisas se tivessem desenrolado graças apenas à competência desta empresa. Pelo contrário, o mérito deve ser reconhecido a quem o tem. Só que a fase do mérito e de fazer a diferença já passou.

E passo a descrever apenas duas situações absolutamente gritantes, que ilustram bem o quanto a ganância pode prejudicar todo um sistema. E de como as pessoas podem apodrecer, quando começam a mover-se essencialmente à base da ganância.

Há uns tempos atrás, uma empresa concorrente desta, de quem eu não digo o nome, tentou organizar um festival urbano. Chamar-se-ia Festival Lisboa, teria lugar no Pavilhão Atlântico e contaria com presenças ilustres, ainda que eventualmente datadas, como era o caso de Deep Purple. Mais tarde, devido a dificuldades de organização que se prendiam com a vinda de David Bowie a Portugal, o evento foi transladado para o Estádio do Dragão, no Porto, passando a denominar-se Festival do Dragão. A pouco tempo da data prevista, inesperadas dificuldades levaram a que o dito estádio se tornasse "indisponível", o que levou não só à desistência de Bowie como ao regresso do festival ao Pavilhão Atlântico, sendo o nome re-alterado para Festival Lisboa-Porto-Lisboa (alusivo aos "desencontros"). Tudo estava então a postos e, quando faltavam dois ou três dias para o início, uma inacreditável "falta de meios técnicos" (luzes? cabos? colunas?... palhetas?... vá-se lá saber) acabou por impedir que o festival se realizasse, definitivamente. As bandas tiveram que ser pagas, na íntegra, e o dinheiro dos bilhetes devolvido...

Entretanto (caso nº. 2), Madonna estava para vir a Portugal. Não era esta a empresa promotora do evento mas sim, mais uma vez, uma sua concorrente. Madonna, por causa de divergências insuperáveis em relação a datas (que coincidiam com um "happenning" da Igreja Maná), desistiu da vinda ao Pavilhão Atlântico. Não havia Madonna para ninguém. Ontem, milagrosamente - talvez até por acção da Divina Providência católica apostólica romana em retaliação à empresa que respeitou as datas já reservadas e confirmadas pela Igraja Maná - a empresa que nos tem acompanhado desde o início deste texto, anuncia que Madonna vem sim, senhores, dois dias mais tarde do que o inicialmente previsto. Ou seja, o insuperável tornou-se surpreendentemente num detalhe rapidamente solucionado: alteraram-se as datas.

Eu não quero falar em esquemas. Eu não quero acreditar em subornos. Eu nem acredito em sabotagens. Tal como não acredito em bruxas. Mas que as há...
 
  Sugestão musical
Para todos, em geral, para as senhoras, em particular, e sobretudo para quem gosta de jazz:

caríssimos, hoje à noite, pelas 23h00, não percam THE LAST SACRAMENTO JAM SESSION, no SacramentoBar (Calçada do Sacramento, ao Largo do Carmo, em Lisboa). A entrada é gratuita.

A celebração jazzística é, claro está, o motivo da festa. Trompetes e contra-baixos em riste, que hoje é dia de música!
 
quarta-feira, julho 28, 2004
  Cenas existenciais que perturbam à brava o Guitarrista
- A morte dos outros:
"é uma cena chata"
(in Auto-diário, 1994)

- O ser e o desespero:
"sempre odiei repartições públicas, guichés de centros de saúde, tráfego excessivo e afogamentos, entre outras coisas"
(in Auto-diário, 1997)

- A impotência do ser perante a anarquia cósmica:
"tipo, quando jogas ao póker... eu tenho bué azar, por exemplo"
(in Auto-diário, 1988)

- A finitude humana como limitação à percepção do infinito:
"eu gostava de ser mais alto. Mais um palminho, não era preciso mais que isso. Sempre dava para ver melhor, mais de cima... os decotes e isso (risos)"
(in Auto-diário, 1999)

- O Homem enquanto imagem de si próprio:
"sempre fui o meu maior fã. Aliás, se me criei, fi-lo à minha própria imagem. Isto parece esquisito, mas é porque acabei de acordar... eu depois explico melhor... isto já está a gravar?"
(in Auto-diário, 2007)

- A relação de forças entre os elementos místicos e a crença Humanista:
"eu acho que o homem é que era o centro do Universo. Se não era, devia ser. Sempre achei isso do Jimmy Hendrix, ele merecia uma estátua. Ou duas.
(in Auto-diário, 1996)

- O Egoísmo Civilizacional enquanto ideologia da harmonia futura:
"eu já em pequenino agarrava na bola e mais ninguém jogava. A bola era minha, bolas! Eu tinha direitos! E assim ninguém se chateava uns com os outros... chateavam-se todos comigo. Pelo menos, havia unanimidade.
 
segunda-feira, julho 26, 2004
  Em memória de Glória (1972-2004)
Acordava obsceno, a meio da noite, e assinava-te as coxas descobertas. Primeiro com paus de giz, como se pintasse, tocando-te a pele com timidez infantil, tacteando e descobrindo. Depois, com marcadores de tinta da china, com os quais te preenchia o tecido moreno, contornando-te as formas com sabedoria e intenção. Por fim, usando as lâminas reluzentes que temias, decalcando o meu nome para lá da pele, violentando-te a carne, chegando mais fundo que a mera superfície do teu objecto, da tua memória, assinalando o meu território com golpes de conquistador, plenos de desejo e bravura e posse. E choraste e imploraste que parasse e eu, que não parei, que sabia o que fazia, não estremeci, sequer.

A minha assinatura saiu tão limpa quanto o teu sangue permitiu. A caligrafia perfeita de uma mão convicta, transparecendo uma ideologia sem falibilidade possível. Soberba como os teus próprios traços. As linhas de cada letra como cada curva do teu corpo, em vincos fundidos numa dança felina, arrepiada, estreita. Tango fluindo pelas paredes do quarto, sentiste-o no estômago e eu em cada poro, em cada detalhe de cada pequena letra plena, elegante, sangrada.

E os lençóis, essa lama de suor vermelho vivo, quase pulsavam sob a contorção contrariada do teu corpo. Gemias outra e outra vez, repetias-te extasiada e eu sei que era prazer, mesmo quando me amaldiçoavas e enchias a boca de ódio e de ira, ameaçando-me, fazendo desenhos desavergonhados com os lábios carnudos enquanto gritavas e os pulmões quase te explodiam. A vibração era incandescente sempre que as cordas vocais se te incendiavam de pânico, de gozo e de dor. Eu era o teu servo.
 
sexta-feira, julho 23, 2004
  Carlos Paredes (1925-2004)


Dia do maior dos lutos.
Mas este luto não é de hoje, já vem do dia em que essas mãos pararam.

Hoje é dia de silêncio para a Guitarra.
 
quinta-feira, julho 22, 2004
  O novo hit de Outono-Inverno
Tenho a honra de vos apresentar, em primeira mão, o meu próximo hit-single. Vai ser o sucesso do Outono-Inverno deste ano (e início do próximo, porque o Inverno só termina em Março de 2005). É uma cançaão de amor que se chama Cantiga de Amiga. Fala, essencilamente, das relações entre os seres humanos, do mundo, da vida, do tempo que passa, da velhice e, em última análise, da crise económica. Mas ir por aí já é rebuscar. Começa em mi menor.

Cantiga de amiga (Guitarrista)

"fingimos que é amor, está bem?
ninguém nos vai ralhar
se eu posso disfarçar, dizer que foi bom
tu também

e se amanhã passares por mim
se me quiseres falar
pergunta se eu estou bem, se a vida vai
ou coisa assim

eu posso não me recordar
posso nem me lembrar de ti
mas no meu mundo, podes ver
as coisas estão sempre a mudar

se eu caí no teu berço
nos teus braços
desmaiado
o fingimento dá vertigens
dá cansaço
estou esgotado

eu sei que eu já te fiz feliz
podes agradecer
mas vai esquecendos aos poucos
aquilo que fiz foi sem querer

dizes que eu prometi, talvez...
mas falei por falar
coisas que um homem diz
não vais cobrar, é só desta vez"

Gostaria de dicar este momento musical às minhas fãs, em geral, e a todas as mulheres, em particular, mas especialmente a uma miúda com quem estive, no sábado passado. Conheci-a no Bairro Alto. Se me estiveres a ler... hummm... errr... Carla?... um grande beijo para ti.
 
terça-feira, julho 20, 2004
  1º Teste Esquisito da Querida Guitarra
Achei por bem começar por uma coisa simples: Nirvana.

(Não vale copiar. E evitem ir ao Google porque perde a piada...)

1- Qual o nome do primeiro baterista dos Nirvana?

a) Dave Grohl
b) Jimmy Chamberlain
c) Dale Crover
d) Calú
e) Chad Channing

2- Qual foi o primeiro single do primeiro álbum?

a) Love Buzz
b) Negative Creep
c) Polly
d) Smells Like Teen Spirit
e) Sun of a Gun

3- Quantos elementos tinha a formação inicial da banda?

a) 3
b) 4
c) 5
d) 14
e) 1

4- Onde está guardado o primeiro disco de ouro do álbum Nevermind?

a) Na mesa de cabeceira de Courtney Love
b) Na secretaria da clínica de reabilitação de Courtney Love
c) Numa casa de penhores de Seattle
d) Numa parede do Hard Rock Café de Barcelona
e) Num armário da casa Sotheby's, à espera de um mega-leilão de cenas dos Nirvana

5- Com que nome assinou Cobain as letras do primeiro álbum?

a) Kurt Cobain
b) Curdt Kobain
c) Kurdt Cobain
d) Kurdt Kobain
e) Kurt Donald Cobain

6- Quantas vezes actuaram (oficialmente) os Nirvana em Portugal?

a) Nenhuma
b) Uma
c) Duas
d) Quatro
e) Três

7- Para terminar, uma fácil: como se chama a filha de Cobain e Love?

a) Courtney Love Cobain
b) Frances Love Cobain
c) Frances Courtney Cobain
d) Frances Bean Cobain
e) Courtney Frances Love Bean Cobain

Cada resposta errada vale dois pontos. Cada resposta certa vale zero. O que conseguir menos pontos, obviamente, perde.
 
  Roxanne

You don't have to put on the red light Those days are over You don't have to sell your body to the night Roxanne You don't have to wear that dress tonight Walk the streets for money You don't care if it's wrong or if it's right





(The insidious pegnant Guitarrista's neghbour strikes again. With a hand of rádio-club portuguêêêêêês).


 
segunda-feira, julho 19, 2004
  Melhor diálogo do fim-de-semana
(2ª feira, 11h30. Toca o telefone e eu assusto-me violentamente, executando um acrobático movimento de desorientação em relação à almofada. Consigo atender o objecto.)
 
(Eu): ... *cof* *cof*... 'tou...
(do outro lado da linha): blá blá blá blá blá blá...
(Eu):... hrum... olá Rita, bom dia...
(do outro lado da linha): blá blá blá blá blá blá...
(Eu): .... ahm... pois... pode dizer-se que sim... estava...
(do outro lado da linha): blá blá blá blá blá blá...
(Eu):... não... Rita... ora essa... ser acordado por si é sempre um enorme privilégio... já lhe disse que tem uma voz lindíssima?...
(do outro lado da linha): blá blá blá blá blá blá...
(Eu):... sim, mesmo sendo por causa de dinheiro...
(do outro lado da linha): blá blá blá blá blá blá...
(Eu): Rita... já lhe disse, é um privilégio... aliás, já considerou deixar a Caixa Geral de Depósitos e começar a trabalhar para mim?...
(do outro lado da linha): blá blá blá blá blá blá...
(Eu):... ora, como... como despertador, obviamente...
(do outro lado da linha): blá blá blá blá blá blá...
(Eu):... oh... não leve a mal, era no sentido elogioso da questão... já lhe disse que tem uma voz lindíssima?...
(do outro lado da linha): blá blá blá blá blá blá...
(Eu):... sim, eu sei... trezentos e tal euros, não é?...
(do outro lado da linha): blá blá blá blá blá blá...
(Eu):... pois, ou isso... mas não era disso que estávamos a falar... ia mesmo agora pedir-lhe o número de telefone...
(do outro lado da linha): blá blá blá blá blá blá...
(Eu):... ó Rita... por amor de deus... se você tem o meu, também posso ter o seu...
(do outro lado da linha): blá blá blá blá blá blá...
(Eu):... sim, sim... eu sei que está a trabalhar...
(do outro lado da linha): blá blá blá blá blá blá...
(Eu): sim, e que é um trabalho de responsabilidade...
(do outro lado da linha): blá blá blá blá blá blá...
(Eu): sim, e que é uma chatice andar a chatear pessoas... olhe, a mim até me acordou...
(do outro lado da linha): blá blá blá blá blá blá...
(Eu):... não, não, de forma alguma... eu hoje até precisava de me levantar cedinho... além disso, é um privilégio ser acordado por uma voz como a sua... já lhe disse que tem uma voz linda?...
(do outro lado da linha): blá blá blá blá blá blá...
(Eu):... mais tarde?... não, olhe, Rita, dê-me o seu número eu já lhe ligo... até podíamos combinar assim... uma saída ou isso... um café, olhe...
(do outro lado da linha): blá blá blá blá blá blá...
(Eu):... oh... ó Rita, mas na vida nem tudo é dinheiro, pois não?...
(do outro lado da linha): blá blá blá blá blá blá...
(Eu):... é... calculo... a sua vida deve ser uma tristeza... trabalho, dinheiro, dinheiro, trabalho...
(do outro lado da linha): blá blá blá blá blá blá...
(Eu):... sim, mas há gente que ganha muito mais do que eu ganho...
(do outro lado da linha): blá blá blá blá blá blá...
(Eu):... prazos?!... ó Rita, alguma vez eu a deixei ficar mal?...
(do outro lado da linha): blá blá blá blá blá blá...
(Eu):... hrum, pois... mas olhe, posso ser um dos piores clientes... sim, eu sei que sou pobre...
(do outro lado da linha): blá blá blá blá blá blá...
(Eu): ... oh, não é desculpa para si, que anda a cobrar...
(do outro lado da linha): blá blá blá blá blá blá...
(Eu):... sim, mas olhe, Rita, eu tenho a minha consciência tranquila: as minhas dívidas nunca trouxeram infelicidade a ninguém, enquanto que a riqueza abastada de muitos outros... já não sei...
 
(pausa. Uma pausa loooooonga.)
 
(Eu):... é a minha forma de estar... na vida.
(do outro lado da linha): blá blá blá blá blá blá...
(Eu):... só um momentinho, tenho que encontrar uma caneta... e um papel... não leva a mal se eu tomar nota num... ora, deixe ver... acho que isto é um... era... um guardanapo, pois não?
(do outro lado da linha): blá blá blá blá blá blá...
(Eu):... cá está, a minha bic preferida... deixe ver se isto escreve...
(do outro lado da linha): blá blá blá blá blá blá...
(Eu):... sabe como é, não vou andar aí a gastar dinheiro em Parker's... olhe, escreve... digá lá então...
(do outro lado da linha): blá blá blá - blá blá blá - blá blá blá. Blá blá blá blá blá?
(Eu):... sim, ok, percebi, já está... ligo-lhe então mais logo, ao fim da tarde... espero eu... pode ser?
(do outro lado da linha): blá blá blá blá blá blá...
(Eu):... igualmente, Rita... a sua simpatia compensa tudo... bom trabalho.
(do outro lado da linha): blá blá blá blá blá blá...
(Eu):... sim, sim... olhe, amanhã vou à feira da Ladra, que às vezes há lá uns despertadores baratos... ah ah ah...
(do outro lado da linha): blá blá blá blá blá blá...
(Eu):... adeus, até logo...
 
(puuuuuuuuuuuuuuuuu) 
 
 
sexta-feira, julho 16, 2004
  O mau humor enquanto propulsor da plenitude humana
O meu humor está hoje como não costuma estar: péssimo. Sinto-me uma pessoa azeda. Mas é espantoso constatar como, por vezes, o mau humor pode ser um poderoso propulsor para a genialidade. O sentido de humor ganha uma nova estética, as ideias libertam-se, dá a impressão de que todas as palavras trazem uma carga de explosivos e a nossa língua (ou os dedos) se tornam impiedosos detonadores, capazes de intranquilizar a humanidade inteira. Uma pessoa sente-se poderosa, porque a frustração, no limite, permite um desapego pelo mundano, pela vulgaridade. É como se pudéssemos odiar mas, em vez disso, decidíssemos sentir pena. Só por vingança. O corpo torna-se intocável. Somos etéreos e causadores de pesadelos. E gostamos, adoramos ser assim.
 
Só é pena é que, sendo tão bom estar de mau humor, ficamos cheios de auto-estima e de bom humor muito depressa e depois a sensação acaba-se. Isso é que é uma chatice.
 
quinta-feira, julho 15, 2004
  O fim


Às vezes ponho-me a pensar: e se a Internet acabasse? E é uma ideia que me assusta. Há quem pense que este pensamento é ridículo, mas a Internet, tal como o petróleo, os Rolling Stones ou a água potável, há-de ter um ponto final. E não estou a falar do ".com", falei em ponto final de forma metafórica, tipo: o fim. Imaginem. E se há um fogo lá no escritório da Internet? E se o dono da Internet resolve vender o negócio aos estrangeiros? Aos árabes, por exemplo. E se falta a luz? Eu gosto da Internet e é por isso que me preocupo com estas questões.
 
  Whether you're a brother or whether you're a mother,
you're stayin' alive, stayin' alive.
Feel the city breakin' and everybody shakin',
and we're stayin' alive, stayin' alive.
Ah, ha, ha, ha, stayin' alive, stayin' alive.
Ah, ha, ha, ha, stayin' alive.


(Chega... chega! Bee Gees?!... aarrrrrggggghhhhh... Eu já lhe digo...)
 
  Quem tem unhas...


Paco De Lucía,
inacreditável guitarrista, re-inventor da "guitarra" flamenca, Prémio Príncipe das Astúrias das Artes de 2004.
 
terça-feira, julho 13, 2004
  Para a Truta Azul
(Eu tinha prometido uma música, mas deixei a guitarra em casa. Fiz-te um poema. Espero que gostes. Eu gostei muito.)



Que sortudo era o Dalí
ele que tinha a sua Gala
mas o que eu tenho é galo
porque não te tenho a ti

isto porque tu és musa
e desde que te vi me inspiras
mas podias inspirar mais
assim do tipo... Linda de Suza

essa não me inspira nada
mas esta rima era difícil
até fui ver nos manuais
e diz que ela é interpolada

não tenho muito talento
para rimar como os poetas
tenho até cenas analfabetas
mas depende do momento

e agora que me inspirei
resolvi fazer um poema
mas estou cá com um problema
porque há coisas que eu não sei

como é que as hei-de de dizer
(mas sei que é encavalgamento
esta técnica que eu usei
para fingir que sei escrever)

já me perdi na ideia
que eu te queria explicar
o que eu queria era falar do mar
e dizer que pareces uma apetecível e sedutora e atraente e sexy e fixe sereia


mas a métrica não permite
porque a poesia tem regras
mesmo que sejam esquisitas
e que só atrapalhem as rimas. Pronto.
 
  You were always on my mind
You were always on my mind
You were always on my mind
You were always on my mind
You were always on my mind


(Eu simpatizava com a minha vizinha. Contudo, o Rádio Clube Português começa a alterar a minha perspectiva acerca da pessoa.)

 
segunda-feira, julho 12, 2004
  Uau! Hoje é dia de
micro-posts.
 
  A Nação Espanhola
vista por Máximo (El País de hoje)


 
  Chiquitita
you and i know.

(Não sei se aguento. Se a minha vizinha continua a ouvir o Rádio Clube Português em altos berros, acho que corto os pulsos.)
 
sexta-feira, julho 09, 2004
  E o Presidente encolheu-se
Ainda não tinha falado sobre o assunto. Não considero que seja útil debater um pré-assunto, só debato assuntos concretos e sérios. E agora, concretamente, o assunto é sério. Jorge Sampaio encolheu-se, optou pela lei do menor risco, numa decisão que, não tendo sido fácil, terá sido a mais óbvia e esperada - a táctica da "fuga para a frente", na política, é uma espécide "catenaccio" no futebol: é segura, temporariamente segura. Lamentamos a cobardia do Presidente. Eu e muitos outros portugueses que repudiaram nas urnas um Governo pouco menos que decrépito desde que nasceu, formado a partir da eleição inesperada de um testa-de-ferro bafejado pela sorte: Durão Barroso estava no sítio certo (liderança do PSD) à hora certa (demissão de Guterres), quando, caso o PS tivesse cumprido integralmente a legislatura, o mesmíssimo Durão Barroso não teria passado de "líder social-democrata provisoriamente eleito", numa manobra de protecção ao desgaste da imagem dos verdadeiros tubarões políticos do PSD. Tal não aconteceu, o agora "José Barroso" subiu a S. Bento, instalou-se, prometeu e fugiu, dois anos e pouco depois de ter aceite o desafio - difícil, reconheça-se - para o qual, concluo agora, nunca teve os "skills" necessários.

Agora, resta-nos aguardar um primeiro-ministro de extrema-direita, que já abandonou definitivamente a política quatro ou cinco vezes antes de ser presidente da Câmara de Lisboa (por 850 votos) e que, acima de tudo e à imagem dos governos de gestão do período pós-25 de Abril, é autorizado a exercer a sua prepotência (que quem o conhece lhe reconhece) por um conjunto de cérebros cobardes e retrógrados, liderados por Sua Excelência Alguém de Quem eu Esperava Mais. E daí, talvez tenha sido, não autorizado, mas realmente escolhido num exercício cumpridaor da legalidade constitucional mas pouco claro da legitimidade democrática, à imagem da eleição de Humberto Delgado para vice-presidente da República numa tela pós-modernista - mas isto já é especulação de alguém que não se conforma.

Salve... Santana. Salve.
 
quinta-feira, julho 08, 2004
  Palavras de sabedoria
O meu avô, que era um homem vivido, experiente, sabedor e que assentava boa parte da sua comunicação em estranhos e, por vezes, ininteligíveis aforismos, desde muito cedo me disse: "Guitarrista, se alguma dia, daqui a muito, muito tempo, vierem a existir computadores portáteis e tu, por artimanha do acaso, vieres a ter um, guarda-o sempre em cima do frigorífico. Nunca te esqueças disto!"

Nesses tempos, bem idos e mal lembrados, que se tornam bassos na distância entre o dia exacto que passou e a memória que me resta, o meu conceito de frigorífico era precário: aquela coisa clara, grande e gorda, a dizer Vauxhall ou parecido, com uma alavanca de puxar, encostado à parede da cozinha dos meus pais, de frente para a mesa de mármore, onde a minha mãe e a minha avó desossavam os patos, limpavam os pargos e despiam a farta farda peluda aos coelhos, preparando os jantares das datas importantes do calendário católico.

Nesses tempos sobre os quais fui, sem intenção, derramando a areia do esquecimento e assim obscurecendo os detalhes que lhe pertenciam e que o faziam tão único e tão diferente, eu não tinha noção, em absoluto, do que era um computador, fosse ele portátil, encastrado, imóvel com fundações, de arrumar no cimo do frigorífico, debaixo da cama ou dentro do forno: não fazia a mais microbiológica ideia do que seria tal objecto.

Mas como o caos governa o mundo e distribui a ordem pelas coisas do universo, organizando energias sob o véu da anarquia - que não é! -, há uns tempos atrás, anos e anos após o tritse enterro do meu avô, meia-dúzia de pessoas próximas e distraídas, num baldio mal amanhado para os lados de Caneças - quando ainda lá não havia casas, senão as de lavadeiras e tocadores de gado - (nem uma coroa de flores....), eu comprei um computador portátil. O meu avô havia de rejubilar, não por mim, mas pela sua previsão certeira.

Ontem, arrombaram-me a porta, revolveram-me a casa e levaram-me alguns bens. Deixaram-me as guitarras e os CD's, mas levaram-me o hi-fi, uns sacos de viagem, um disc-man, um relógio e o computador portátil. Ainda procuraram ouro e dinheiro, sei-o porque me remexeram todas as gavetas, o que acabou por conferir à minha casa um aspecto impensavelmente mais caótico do que o habitual.

Quando entrei em casa, apeteceu-me chorar. As minhas coisas, para mim sagradas, mexidas, violadas por um estranho de más intenções, que pode voltar quando quiser. No meio dos pensamentos que me atormentavam, lembrei-me do meu avô. Percebi finalmente o que quisera dizer-me com o aforismo do computador portátil: nunca ninguém procura nada em cima do figorífico. Nunca. Aliás, a maior parte das coisas que nos desaparecem, dentro de casa, acabam por surgir em cima do frigorífico: facturas, relógios, óculos, canetas, apontamentos, despertadores, colheres de pau, um pouco de tudo já regressou ao meu mundo, passando precisamente pelo topo do frigorífico.

Estou seguro de que, se, em vez de ter deixado o computador na secretária do escritório, que é o seu sítio - embora ele seja portátil e não tenha proprimante um "sítio" -, eu o tivesse pousado sobre o frigorífico, ninguém o teria encontrado. E, hoje, eu teria todo o meu trabalho convenientemente armazenado, em vez de estar louco, à procura de "back-up's" em ficheiros que enviei para amigos meus, CD's regravados ou discos amovíveis. Portanto, já sabem: se algum dia, por artimanha do acaso, vierem a ter um computador portátil, guardem-no sempre em cima do frigorífico. Nunca se esqueçam disto!
 
terça-feira, julho 06, 2004
  Uma questão de fama
Está bem, pronto. Talvez eu não seja assim tão famoso como o Phil Collins. Mas sou mais novo e tenho dificuldades em exprimir-me em inglês. Portanto, é natural que o Phil Collins seja mais conhecido que eu. Vendo as coisas nesta perspectiva, ele tem uma língua mais internacional e mais anos pelos palcos, a andar daquela maneira esquisita, como se quisesse marchar, ou coisa, assim, mas nunca ninguém lhe tivesse ensinado - ele sobe degraus assim, ele dança assim, ele afaga a cintura das meninas do côro da mesma forma, enfrenta as canalizações de toda a secção de metais que o acompanha usando o mesmo jeito. Parece que desde que gravou aquela "I can't walk, I can't dance" começou a caminhar de uma forma estranha (será a letra baseada numa história real? Investiguem). Só quando toca bateria é que o simpático e a puxar-para-o-roliço Phil consegue parar de executar aquela marcha esquisita. E toca bem. A bateria, digo.



Tenho que desabafar convosco: sábado passado entrei no estádio de Al... Alv... hrum... ade... hram... aquele verde e... das outras cores, que tem nome de carreira de autocarro. Não, que não vos passe pela cabeça que paguei 50 euros para ver o velhote. A Caixa Geral de Depósitos (PUB) teve a bondade de me oferecer quantos bilhetes "eu quisesse". Assim mesmo, os que "eu quisesse". E não foi só a mim, pois outras pessoas que conheço tiveram direito à mesma oferta. Curisoamente, no estádio estavam 35 mil pessoas. Isso é muita gente, pensarão vocês, pois é, respondo eu, mas deu-me imenso trabalho convencer mais duas pessoas a acompanhar-me nesta estranha e perversa aventura. Suponho que as outras dez mil e tal tenham sofrido as mesmas dificuldades para convencer, cada uma, dois amigos a aceitar um bilhete "totalmente grátis".



Vamos ao que interessa: o melhor do concerto, para além dos tubos de ensaio maleáveis luminosos distribuídos pelo povo e que davam um colorido giro ao antro do evento, foi uma claque de "groopies", absolutamente adolescentes (!!!) mas altamente bem-dispostas, que estavam ao meu lado e que me animaram a noite. Só é pena que não me tenham reconhecido. Mas talvez seja natural: estava escuro lá dentro e o Phil Collins é mais famoso que eu.
 
  Mega-caridade estrelada
Estou curioso: quantos jogadores da selecção grega participarão no jogo "All Star" de caridade promovido pela Fundação Luís Figo e pela UNICEF, no próximo dia 12, no Estádio do Algarve?

E, já agora que estamos numa fase de revolta interior adolescente, digamos assim, e até podemos ser picuinhas (eu posso...): qual o valor do total da receita do jogo destinada a ajudar os pobrezinhos? E qual o valor do salário médio das estrelas que sobem ao campo? E quem é que paga os bilhetes? E quanto ganha quem paga os bilhetes?

Estas ideias atormentam-me. A sério. Especialmente a dos jogadores gregos.
 
  Desenho
Para quem, com alguma maldade ou dificuldade de compreensão, distorceu o que eu disse dos post anterior. Aqui vai o desenho, semelhante ao comentário que deixei - mas aqui fica mais visível.

1. Reconheço todo o mérito à selecção portuguesa que, aliás, obteve o melhor resultado de sempre para Portugal em competições séniores. A prestação da selecção nacional deixou-me, obviamente, orgulhoso.

2. O que eu critiquei foi que se festejasse a seguir a uma derrota. Acham que havia alguma coisa a festejar? Eu não festejo derrotas.

3. Não confundam uma óptima classificação com uma grande vitória. São coisas diferentes.

4. Eu sei o quanto custa perder.

5. É uma falta de respeito que se buzine após uma derrota que deixou os nossos jogadores em lágrimas estendidos no relvado. É quase um insulto ao esforço deles.

6. Não quero estragar a festa a ninguém...
 
segunda-feira, julho 05, 2004
  Final do jogo
"Os portugueses têm que compreender: o Scolari não veio para Portugal pelos reais, pelos dólares, pelos escudos..."
(Roberto Leal)

-Pelos euros?!

"Somos os vice-ampeões e nada vai mudar"
(Scolari)

-Atitude?!

"Espero que a dor do apito final tenha sido superada"
(Figo)

-O quê?

"Podíamos estar a noite toda a jogar que não marcávamos um golo. Infelizmente, é futebol"
(Costinha)

-Modalidade errada?!

"Infelizmente, o nosso futebol não foi suficiente para os vencer. Soa a injustiça"
(Jorge Andrade)

-Injustiça?!

"A Grécia soube explorar bem o único erro que cometemos"
(Maniche)

-Ilegalidade?!

"O futebol deles não me agrada, mas são justos campeões"
(Cristiano Ronaldo)

-Lucidez, finalmente.

NOTA: Houve portugueses a festejar no final do jogo. Quem festeja derrotas não merece vencer. Quem festeja pequenas vitórias, conhecerá apenas pequenas vitórias - provavelmente por falta de ambição. Um grande vencedor só festeja com a taça nas mãos. Sem isso ou antes disso, o festejo é carnavalesco e sem sentido. Hoje não há nada para festejar. Nada.
 
sexta-feira, julho 02, 2004
  What's wrong with the world today?



Naquele Tempo

Sob o caramachão de glicínia lilaz
As abelhas e eu
Tontas de perfume

Lá no alto as abelhas
Doiradas e pequenas
Não se ocupavam de mim
Iam de flor em flor
E cá em baixo eu
Sentada no banco de azulejos
Entre penumbra e luz
Flor e perfume
Tão ávida como as abelhas

Abril de 98



Sophia de Mello Breyner Andresen






Adeus Sophia...
 
  Morreu Marlon Brando






 
  Saudades de Budapeste


Cá vou eu no meu Trabi
de bar em bar, a aviar
sempre a abrir a noite toda
sempre a rockenroooolar
chá daqui, chá dali
mais um vodka pr'atestar...

Ligava-se a televisão e aparecia Adolfo Luxúria Canibal e sus muchachos, ora dentro de um Trabi bebendo vodka a olho, ora com um carrinho da Majorette percorrendo o corpo desnudo de uma menina que tinha uma estrada pintada por tudo quanto era pele, até em sítios recônditos - quase fazia lembrar um anúncio da prevenção rodoviária, mas ao contrário.

Quando acabava a música, lá voltavam o Zé Pedro, dos Xutos, e a Xana. dos Rádio Macau, cada um com a sua dificuldade de expressão, atrapalhando-se e não sabendo o que fazer com aquela meia-dúzia de palavras que serviria para apresentar o Here Comes Your Man, dos Pixies, ou o Don't Cry, dos Guns'n'Roses, ou o 100%, dos Sonic Youth, ou o És Cruel, dos Ena Pá 2000...

Mas do que eu sinto mais saudades é o do Budapeste... Até fico comovido só de pensar nisso.
 
quinta-feira, julho 01, 2004
  Portugal?!... então... isso somos nós... olha, boa!


Confesso: não apostava 5 cêntimos na selecção portuguesa antes do início do Euro' 2004. Julguei que eram fracos, vaidosos e desorganizados. Aquela estreia contra a Grécia parecia confirmar as minhas previsões. Contudo, alguma coisa mudou. A atitude, seguramente, mas também a confiança e a "vontade de querer", como diz o Eusébio. Nunca pensei, de facto, ver esta equipa, com estes jogadores e este treinador chegar à final da competição.



Para dizer a verdade, não pensei que passassem a primeira fase do torneio. Mas o que é certo - e o que verdadeiramente importa neste momento - é que, se estou de ressaca (eu não sei se JÁ estou de ressaca...) e com uma enorme dificuldade em manter-me acordado, a culpa é de alguém. Só espero que esse alguém tenha consciência de que vou cobrar: agora que me fizeram acreditar, livrem-se de ser vice-campeões!

 
A música vista por dentro. A vida tocada em guitarradas ruidosas. Cuidado com o feedback.

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