Querida Guitarra
sexta-feira, julho 28, 2006
  Vamos p'ra Sines
Ouvir as músicas do mundo. Não sei se um fim-de-semana dá tempo para ouvir todas... Mas tenta-se.
 
terça-feira, julho 25, 2006
  Actualização do blogue
Pareceu-me que este título faria algum sentido...

Parêntesis: antes de passarmos às novidades, tenho que apresentar publicamente o meu pedido de desculpas a uma série de pessoas e entidades por ultimamente me ter baldado um bocado à divulgação dos seus eventos e notícias. Entre estes, os destaques vão para o Sítio do Cefalópode, o Teatro Municipal da Guarda e o Institut Franco-Portugais que são assíduos e pontuais no envio das suas informações. Tentarei alterar o curso dos acontecimentos, como se costuma dizer.

Bom, como não há melhor actualização do que aquela que vem com actualidade, aqui vão algumas notícias fresquinhas. Primeiro - esta não podia deixar de ser a primeira - os Diana Jones and the Vietnam Whiskey Dancers acabam de editar o EP One Thousand Forms to React to Pain (Infected Records). Com o devido "Parental Advisory" para os menores de 18 anos e/ou ouvidos um pouco mais sensíveis, aqui fica a sugestão: ouçam e abanem essas cabeças. Destaque para a terceira faixa, Machine Rule. Se o grunge já estivesse morto, haveria de ressuscitar.

No universo feromónico também têm havido estranhas movimentações de bastidores. Já corria a notícia de que a feromona andava a preparar alguma. Mas agora a coisa é quase oficial: em Abril passado gravaram em profundo retiro espiritual pelas encostas da Arrábida. Isto, dito assim, até pode sugerir que andaram a registaram temas ambientais com barulhos da naturezazinha e dos animaizinhos e isso. Mas não. É rock, é cru e leva distorção. O resultado será empacotado dentro em breve, em forma de EP. Mais não posso dizer.

Enquanto o EP vem e não vem, há dois feromónicos que se emancipam e decidem fazer qualquer coisa. O Bernardo e o Diego criaram os seus postos independentes e é por lá que podem ouvir-se temas que, eventualmente, poderão acabar nos alinhamentos da banda. Ou não. É o milagre da Internet: pega numa guitarra, num microfone e no Bernardo Barata e gravas o que te apetecer.

Mais novidades sobre estes e outros assuntos - provavelmente bem menos interessantes - em breve. Isto não é uma promessa, é uma banalidade que se diz no fim dos textos.

PS - Sigam os links e ouçam.
 
terça-feira, julho 18, 2006
  Mais um blogue barulhento
Como se não bastasse a malta do roquen role, ainda vêm os punks ajavardar a situação. Senhoras e senhoras, os Dying Dream. E cerveja.
 
  Desconstrução
Sábado à noite não saí de casa. Fiquei a ver televisão. Deu um programa que era a Desconstrução. Uma coisa, algures entre o documentário e a reportagem, dentro do estúdio de gravação de Carioca, o último álbum de Chico Buarque. Desconstrução não é um objecto que se possa qualificar como "interessante". É um adjectivo curto, muito curto. Porque não tem apenas interesse.
Dentro desse estúdio - e qualquer músico que tenha estado em gravações irá reconhecer-se ali, imaginar-se naquelas conversas, dentro das salas a dizer "como é que foi?" e cá de fora "é melhor vir cá escutar"... - circulam várias personagens. No entanto, há duas que são claramente o centro da trama: o Chico, ele próprio, e Luíz Cláudio Ramos (tratado por Cláudio), o autor de todos os arranjos e orquestrações do álbum (aquilo funciona assim - e isto é o Chico que diz: "faço a melodia, ponho a letra e aí dou para o Cláudio... depois não quero saber mais, ele é que sabe, ele é que diz... às vezes dou palpite"). A relação entre Chico e Cláudio é simplesmente deliciosa. Se um é génio o outro é mestre. E fica bonito ver a reverência e o respeito do génio perante o mestre. Naquele estúdio quem manda é Cláudio. Chico é apenas uma espécie de criança imensamente feliz por estar a gravar mais um álbum.
Há uma imensidão de pequenos detalhes que simplesmente transformam o zapping numa impossibilidade. Mas há alguns que ficam. Um desses é a maneira como, aos poucos, uma pessoa se apercebe da forma simples e sincera de Chico Buarque ter orgulho no que faz, de saber que é genial. Várias vezes se o ouve dizendo "me pediram isto, mas era impossível... e aí eu fiz". E di-lo com um sorriso que não engana ninguém: o miúdo não se está a gabar, está realmente contente, como se tivesse feito uma coisa de que ninguém estava à espera, só para contrariar. Mas Chico é capaz de dizer isto com a mesma naturalidade com que assume que não é instrumentista. "Sou muito trapalhão", alega, "trastejo muito, o violão sai sujo", complementa.
Em Desconstrução vê-se o trabalho, aquilo que dá origem a um produto final - muitas vezes banalizado, maltratado, mal vendido, mal promovido e, por fim, mal ouvido - feito com minúcia, com alegria, com preocupação, com dedicação. Com horários, embora Chico não seja muito pontual. E sobretudo com entusiasmo - ver Chico apresentar as músicas novas aos presentes é surpreendente: ele fica assim "meio sem jeito", nervoso, de olhar à espera que caiam as primeiras opiniões; e os outros (alguns deles 30, 40 anos mais novos...) ouvem, com atenção mas também com alguma displicência, riem, sorriem, acham graça a isto, acham que aquilo está bem e aquilo lá à atrás não estava tão bem. E o Chico fica feliz porque, no fundo, percebe que gostaram e isso é o que mais importa. "O resto eu depois vou para casa e escrevo de novo" (ele refere-se apenas à letra; na música, estando a melodia feita, quem mexe é Cláudio). "Vai ver, amanhã ele chega aí com verso diferente" confidencia Cláudio, sempre calmo, sempre confiante, sorridente. Falam uns para os outros mas também para a câmara, sempre presente, sempre atenta e sempre discreta. Tudo flui por ali. Tudo é normal.
Já para o final, quando tudo já correu bem, Chico recebe os netos. Mostra-lhes as músicas. Eles não querem saber, preferem brincar com o avô. E ele brinca e fica contente na mesma, com aquela sua maneira entre o charmoso adolescente e o tímido maduro.
"Mas ele ainda vai trazer outra". É Cláudio quem o diz. "Ele sempre faz isso. A gente pensa que o álbum 'tá fechado e ele vem e no último dia traz a última, mais uma. Normalmente é a melhor. É sempre a chave de ouro". Chico chega e mostra a última. Fala dos subúrbios do Rio e de S. Paulo, onde nada tem nome, nada tem espaço, nada tem identidade. "Acho que era isso aí que faltava" diz Chico. Cláudio sorri como quem diz "eu não disse?".
 
terça-feira, julho 04, 2006
  Episódio com fã
Eu saía de um restaurante de fast-food - não vou dizer o nome, não posso fazer publicidade - num centro comercial. Isto passou-se no Colombo, este posso dizer. Aconteceu aquilo que acontece com frequência. Felizmente. Ia com o meu Big Mac na mão e vem uma fã direito a mim. O costume "ó Guitarrista, eu amo-te, dá-me um autógrafo, faz-me três filhos". Esta parte dos filhos já sou eu a inventar. Mas eu consegui ver que ela se sentia extremamente atraída por mim. Pena que só tivesse para aí 14 anos ou isso. Eu não vou para cama com miúdas de 14 anos. Há mais de dois anos que isso não acontece. E ela continuou, enquanto eu tirava uma semente de sésamo de um buraco que tenho aqui num pré-molar e por acaso preciso de ir ao dentista, "adoro-vos, vocês ("vocês" = The Greatest Monkey in Town) são geniais" e abraçou-me e deu-me dois beijinhos. Eu, que me estava a sentir altamente incomodado com a situação porque não conseguia comer e estava cheio de fome, disse "ena... obrigadinho. É só a zilionésima vez que me dizem isso. Se não fosses tu, eu andava aí deprimido e, provavelmente, na droga". Ela ficou parada, sem expressão, sem reacção, braços pendidos, olhar incrédulo. Virei-lhe as costas e fui-me embora.
Enquanto comia o Big Mac e bebia a Coca-Cola fui pensando na situação e na expressão da miúda. E, de repente, senti uma coisa estranha. Algo semelhante a compaixão misturada com arrependimento. Por que raio tinha eu sido tão brusco e indelicado com uma miúda simpática que só quis mostrar-me o seu apreço por mim e o seu gosto pela minha música? Então senti-me um sacana um bocado injusto e convencido. Senti-me mal. Pobre miúda. Nem sei o nome dela. Só queria um autógrafo, afinal de contas. Não queria um pedaço meu. Se calhar, até queria. Mas isso já...
Fui procurá-la. Apetecia-me voltar atrás no tempo até àquele instante e emendar o que disse. Trocar por algo do género "obrigado, és muito querida, como é que te chamas, toma, tchau, compra os nossos discos". Fazê-la um pouco mais feliz. Que raio, fui uma besta. Só consegui aumentar ainda mais a miséria e o sofrimento de uma adolescente cheia de acne, que ainda por cima tinha maminhas pequenas - as amigas na escola deviam fazer troça dela, de certeza. Eu faria. E era feia. Coitada.
Procurei, procurei, até que a encontrei, sentada a um canto, a mandar sms's, provavelmente - tinha o telemóvel na mão. Cheguei perto dela "ouve, querida, queria pedir desculpa por aquilo há bocadinho... não sei o que me deu". Olhou-me, e olhou-me profundamente, com os olhos ainda vidrados de quem chorou, olhou-me magoada e ressentida e fez-me um pirete com a mão "és um palhaço... parvalhão". E foi-se embora.
 
A música vista por dentro. A vida tocada em guitarradas ruidosas. Cuidado com o feedback.

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