E o Presidente encolheu-se
Ainda não tinha falado sobre o assunto. Não considero que seja útil debater um pré-assunto, só debato assuntos concretos e sérios. E agora, concretamente, o assunto é sério. Jorge Sampaio encolheu-se, optou pela lei do menor risco, numa decisão que, não tendo sido fácil, terá sido a mais óbvia e esperada - a táctica da "fuga para a frente", na política, é uma espécide "catenaccio" no futebol: é segura, temporariamente segura. Lamentamos a cobardia do Presidente. Eu e muitos outros portugueses que repudiaram nas urnas um Governo pouco menos que decrépito desde que nasceu, formado a partir da eleição inesperada de um testa-de-ferro bafejado pela sorte: Durão Barroso estava no sítio certo (liderança do PSD) à hora certa (demissão de Guterres), quando, caso o PS tivesse cumprido integralmente a legislatura, o mesmíssimo Durão Barroso não teria passado de "líder social-democrata provisoriamente eleito", numa manobra de protecção ao desgaste da imagem dos verdadeiros tubarões políticos do PSD. Tal não aconteceu, o agora "José Barroso" subiu a S. Bento, instalou-se, prometeu e fugiu, dois anos e pouco depois de ter aceite o desafio - difícil, reconheça-se - para o qual, concluo agora, nunca teve os "skills" necessários.
Agora, resta-nos aguardar um primeiro-ministro de extrema-direita, que já abandonou definitivamente a política quatro ou cinco vezes antes de ser presidente da Câmara de Lisboa (por 850 votos) e que, acima de tudo e à imagem dos governos de gestão do período pós-25 de Abril, é autorizado a exercer a sua prepotência (que quem o conhece lhe reconhece) por um conjunto de cérebros cobardes e retrógrados, liderados por Sua Excelência Alguém de Quem eu Esperava Mais. E daí, talvez tenha sido, não autorizado, mas realmente escolhido num exercício cumpridaor da legalidade constitucional mas pouco claro da legitimidade democrática, à imagem da eleição de Humberto Delgado para vice-presidente da República numa tela pós-modernista - mas isto já é especulação de alguém que não se conforma.
Salve... Santana. Salve.