O mau humor enquanto propulsor da plenitude humana
O meu humor está hoje como não costuma estar: péssimo. Sinto-me uma pessoa azeda. Mas é espantoso constatar como, por vezes, o mau humor pode ser um poderoso propulsor para a genialidade. O sentido de humor ganha uma nova estética, as ideias libertam-se, dá a impressão de que todas as palavras trazem uma carga de explosivos e a nossa língua (ou os dedos) se tornam impiedosos detonadores, capazes de intranquilizar a humanidade inteira. Uma pessoa sente-se poderosa, porque a frustração, no limite, permite um desapego pelo mundano, pela vulgaridade. É como se pudéssemos odiar mas, em vez disso, decidíssemos sentir pena. Só por vingança. O corpo torna-se intocável. Somos etéreos e causadores de pesadelos. E gostamos, adoramos ser assim.
Só é pena é que, sendo tão bom estar de mau humor, ficamos cheios de auto-estima e de bom humor muito depressa e depois a sensação acaba-se. Isso é que é uma chatice.