Melhor diálogo do fim-de-semana
Entrei na loja de discos. Há duas, lá em ******. Esta chama-se "Bazar do Som". Após uma primeira revista às prateleiras, o nome do estabelecimento ganha um sentido completamente renovado.
Torna-se insuportável vasculhar no meio de estantes caleidoscópicas: A - Abba... brrrrrr... seis álbuns, passo para o B; B - Beyoncé, Bruce Spingsteen... blá blá blá (sonzinho das caixas a baterem umas nas outras, num ritmo frenético de quem quer chegar a algum sítio muito depressa)... Ben Harper, ena!... Blondie, Ban... Ban?! fo**-**!... João Braga... João Braga?!... Chamo o gerente.
(Gerente... hrum, único empregado do Bazar...): Ora, diga, boas tardes...
(Eu):... boas tardes?!...
(pausa)
(Eu, rindo um bocadinho): Desculpe, era uma auto-piada...
(Gerente... faz um ar interrogativo):...?
(Eu, retomando a postura): Bom, a verdade é que estou um pouco confuso.
(Gerente): Hum.
(Eu): ... bom, errr... para ser sincero, não consigo compreender muito bem a organização das vossas estantes...
(Gerente): Hum, hum?
(Eu): ... de música.
(Gerente): Pois.
(Pausa)
(Eu): Não me pode ajudar?
(Gerente): Claro. É uma coisa para oferecer a alguém?
(Eu...): Como?
(Gerente): Um presente, uma oferta. Alguém faz anos? Assim, digamos, uma coisa... se é para uma senhora, é diferente. Mas, se é para um amigo, já não é igual. E se for p'rá malta jovem, já é mais fácil. Isto, eles "curtem bué" - é assim que eles dizem, agora, não é? - qualquer coisa que meta "pum-ktabum-pupum" ou um gajo de cabelos grandes aos berros...
(Pausa)
(Eu): Olhe, deixe lá. Eu só estava à procura de qualquer coisa para mim. Alguma coisa que eu não conhecesse, que me surpreendesse.
(Gerente): Sou capaz de ter. (Vai ao balcão) Tenho aqui isto. (Dá-me o disco)
(Pausa longa. O mundo pára. Apenas eu, o disco, o surreal e o Gerente, de corpo presente, começando a suar)
(Eu): Genesis?!...