Anotações desinteressantes acerca do Verão
- Com o final da Primavera, chegou o início do Verão. Isto é tautológico, apesar de um pouco imbecil enquanto observação.
- Tenho que comprar mais t-shirts, as minhas estão velhas e gastas. Isto é mentira, porque eu gosto das minhas t-shirts velhas e gastas. Dão-me um ar cool e pós-moderno quando subo ao palco, especialmente aquela que diz "Play Me!" ou aquela outra que diz "R.I.P. Bob Dylan".
- A primeira semana do Verão está a ser menos quente do que as duas últimas da Primavera. Isto é factual, embora seja um defraudamento na perspectiva da expectativa sanzonal.
- A Carris e o Metro de Lisboa vão fazer greve no dia do jogo Portugal - Inglaterra. Isto é oportunismo chantagista, embora a greve seja uma legítima forma de luta pelos direitos dos trabalhadores.
- Os cartazes dos festivais de Verão são cada vez mais pobrezinhos. Os bilhetes dos festivais de Verão são cada vez mais caros. Isto é paradoxal, embora eu acredite que a afluência de público aos festivais não diminua.
- Uma minoria de portugueses do círculo da intelectualidade discute a utilidade, a legitimidade e o significado das bandeiras portuguesas desfraldadas nas janelas de Portugal. Isto é sintoma de falta de ocupação.
- O ministro Adjunto José Luís Arnaut veio apelar ao patriotismo dos trabalhadores da Carris e do Metro de Lisboa para que não façam greve e não deixem o país ficar mal num momento tão importante como o Euro' 2004. Isto é cinismo, regado de hipocrisia. Devia dar multa.
- Cem pessoas dormiram ao relento, à porta do Ikea de Alfragide, para ganhar um cheque de compras no valor de 100 euros. Não sei o que é isto, mas deve ser pobreza. De espírito, pelo menos.
- Não penduro bandeiras portuguesas à minha janela, tal como não exibo bandeiras do Benfica à minha porta. A manifestação clubística pertence à minha intimidade. Mas sentir-me-ia mais incomodado se me deparasse com uma cidade repleta de bandeiras finlandesas. Isto é razoável.