Coisas curiosas
1. Ao ver a SIC Notícias apercebo-me que Dido fala sobre o seu último trabalho. Obviamente, tudo o que diz nestas declarações faz parte de um discurso promocional, mais ou menos programado para deixar uma determinada imagem. Mas Dido tem um ar tão doce, tão carinhosamente elegante, tão delicado, que me obriga a simpatizar com ela. Vou arranjar uma mulher assim, só para mim.
2. Lenny Kravitz seria, eventualmente, o nome mais sonante (leia-se "comercializável") do cartaz do Super Rock. No entanto, esta mega-star, este exemplar-mor do american-life-style, muito cool, muito "para os fãs", dengoso, fingiu duas coisas em palco: a música e a sensualidade. Para fazer música, não basta andar com a guitarra às costas, é mesmo preciso tocá-la. Para se ser sensual, não basta esfregar as mãos pelo corpo (faço-o todos os dias no duche e não provoco ninguém...). Em suma, o momento mais pobre de um festival já de si pobrezinho q.b. Um homem ideal para emparelhar com Brittney Spears: muita parra, pouca uva, como se diz lá na minha terra.
3. Super Bock - Super Rock. Porquê? A pergunta mantém-se, embora os Pixies tenham justificado, em boa parte, a segunda metade do nome. Nas, sinceramente, ainda não percebi onde estava a Super Bock. É pena. O povo, quando devidamente etilizado, não repara tanto nos erros da organização. Que foram muitos.
4. 50 mil pessoas, num recinto apto a receber metade desse número, será uma invenção perigosa ou uma manobra prodigiosa? Desta vez, a sorte esteve com a Música no Coração. Mas um pequeno clique poderia ter transformado um mar de gente numa tragédia (inter)nacional. É de uma irresponsabilidade atroz juntar tanta gente num espaço tão apertadinho (pouco mais de metade da Herdade da Casa Branca, na Zambujeira...). Ainda mais quando todo o recinto está praticamente às escuras.
5. A SIC, depois de um comportamento inqualificável durante a campanha eleitoral, em que beneficiou desde o início os interesses da coligação Força Portugal (entrevistas quase diárias, destaques diários, etc, etc), continua a sua política de sem-vergonhice. Hoje, no rescaldo do desastre eleitoral da direita, abriu o noticiário da noite com o treino da selecção nacional, prosseguiu com duas notícias sobre crimes (um sequestro e um de abuso sexual) e continuou para a demissão de Francisco de Assiz no PS Porto. Entretanto, estou a ver o Suécia - Bulgária, uma vez que o noticiário se me apresentou como anti-noticioso e distorçor da actualidade nacional. Não mereceriam as eleiçõs um destaque um pouco maior? A culpa da abstenção é do povo, certo? E a comunicação social, não terá responsabilidades? E o facto de Pinto Balsemão ser o dono do canal de Carnaxide, por um lado, e militante nº 1 e fundador do PPD-PSD terá alguma coisa a ver com este comportamento da estação? Estou certo que não. Estou certo de que eu, cidadão medíocre de um país ainda pior, é que tenho a mania da perseguição. Para cúmulo, tenho o mau hábito de formular teorias de conspiração. E de votar.