Melhor diálogo do fim-de-semana
Noite de segunda-feira. Bar lisboeta. Hora tardia. Uma mulher aproxima-se de mim com um copo de whisk... uísq... whyske... de bebida na mão. Mas é uma mulher com idade para já estar na cama. Com o marido, sem dúvida. Ambos a gozar as vantagens da pré-reforma da EDP.
(Mulher): Olá, rapaz... Não conheço a tua cara de qualquer lado?
(Eu): Suspeito que sim. Provavelmente daqui, visto que está há 20 minutos a olhar para mim.
(Mulher, rindo): Ah ah ah ah.
(Pausa)
(Eu): Ouça, senhora...
(Mulher): Não me trates por senhora, por favor...
(Eu): Lamento, mas isso é impossível. É nítido que terá, pelo menos, a idade da minha mãe. Não me sinto confortável tratando-a como se fosse... só mais uma rapariga da minha idade.
(Mulher, chegando-se ao meu ouvido): E como é que tu me tratavas se eu fosse uma rapariga da tua idade?
(Pausa. Eu, vermelhamente pensativo e levemente assustado. Caramba, esta mulher está alcoolizada! Alguém tem que fazer alguma coisa.)
(Mulher, muito mais próxima de mim agora): És muito maroto a tratar as raparigas da tua idade?
(Eu, engasgando-me): (som estranho de engasgo violento)
(Mulher): Estás bem?
(Eu, recuperando o fôlego): Já passa... cof cof... deve ser apenas uma doença letal fulminanante, altamente contagiosa... cof cof... nada de grave...
(Mulher): Queres ir tomar ar? Posso fazer-te companhia...
(Eu, em pânico): Bom, eu... errrr... cof cof...
(Pequena pausa)
(Mulher, aligeirando a conversa): O som daqui é porreiro, não é?
(Eu... na boa): Ah... o som é...
(Mulher, mais atrevida): A mim dá-me vontade da nçar... que nem uma louca.
(Eu, mais atrapalhado): Pois eu... dançar não é o meu forte.
(Mulher, dengosa): És mais... espiritual? Ou preferes o físico?
(Eu, muito hirto e muito branco): Acho que eu é mais... espírito, sim...
(Mulher, a ferver, pegando-me na mão): Não tenhas medo, não te faço mal.
(Pausa muito gelada)
(Eu, decidido. Um autêntico homem): Trato-as muito mal!
(Mulher, surpreendida e meio confusa): O quê?! A quem?...
(Eu, mantendo a atitude): Às raparigas da minha idade, se quer saber.
(Mulher, sorrindo maternalmente): Ai sim? E o que é que lhes fazes?
(Eu... errr... um bocadinho aflito): Normalmente... errr... troco-lhes os nomes.
(Mulher, mordendo o lábio antes de falar): Posso dar uma... trinca no teu pescoço?