Melhor diálogo do fim-de-semana
A Kitty fez as pazes comigo. Eu disse-lhe que me fazia falta uma pessoa como ela e isso. E disse-lhe também que "com todo o respeito e sem querer ser abusivo" ela tinha umas mamas fixes. Ela mandou-me uma fatia do que restou do bolo Toblerone com um cartão a dizer "Querido Guitarrista, às vezes és muito parvo. Mas eu gosto de ti na mesma. Hoje vamos ver o pôr-do-sol à beira do rio, boa?" E eu liguei-lhe e disse "Boa." Acho que ela gosta de mim. Eu... tipo, eu não tenho condições sentimentais para me dar "assim" a uma pessoa. Eu sou reservado. Mas ela é porreira.
Uma vez à beira do rio, a olhar para o sol a pôr-se, tivemos várias conversas. De entre elas, escolhi esta para vos transcrever com um fidelidade tão alta que não caberia num sistema midi. Teria que se baixar.
(Ela): Este pôr-do-sol... Sabes, Guitarrista, os fins de tarde fazem-me sempre lembrar o dia em que nos conhecemos.
(Eu): Nós não nos conhecemos de noite?
(Ela): Sim, eu sei... mas é porque sabe bem e dá-me assim uma sensação cheia de coisas boas...
(Eu): Pensei que nos tínhamos conhecido num bar gótico...
(Ela): Sim, mas o pôr-do-sol faz-me sentir calma e leve... como quando te conheci.
(Eu): ... foi na Forca Maldita e estavam a tocar os Crematorium of Handicapped Corpses, eu lembro-me... aliás, até estavam a tocar uma versão gore duma canção qualquer do Lenny Kravitz.
(Kitty pára de conversar. Franze os lábios. Depois continua.)
(Ela): Às vezes acho que não me ligas nenhuma.
(Eu): Eu?! Então, até me lembro que eles estavam a tocar uma do Kravitz...
(Ela): E não é Kravitz que se diz, é Kravitz.
(Eu): Ãh?... Kravitz.
(Ela): Kravitz... assim... K'rué-vitz. Diz.
(Eu): Querué-vitz.
(Ela): Não... K'rué-vitz.
(Eu): Kuruévitz...
(Ela): Não, pá. Não tens pronúncia...
(Eu): Oh... De qualquer maneira, uma coisa que se escreve K-R-A-V-I-T-Z não me parece que deva ser lida com pronúncia americana. Isso deve ser polaco ou croata ou assim. Embora ele não pareça...
(Eu torço o lábio. Depois continuo.)
(Eu): Toda a gente goza comigo por causa da minha pronúncia.
(Ela): Eu não gozei, só corrigi.
(Eu): Os meus amigos gozam por causa da maneira como digo "Mônaco".
(Ela): Não é "Mônaco" é Mónaco.
(Eu): Mô-na-co.
(Ela): Não, Mó... Mó-na-co. Como em Mónica.
(Eu): Mônica.
(Ela): MÓ-MÓ-MÓ-nica! Irra, tu és desesperante... como é que consegues cantar? Tu precisas de terapia da fala, Guitarrista.
(Eu mordo o lábio.)
(Eu): Que conversa mais estúpida...
... é estúpida ou é estûpida que se diz?
(Ela): Ãh?... Eu... errrr... acho que é estúpida... Estûpida parece, sei lá... "estûpida"... isso parece açoreano.
(Eu): Ai é? A mim parece mais madeirense... por causa do chapelinho.
(Ela): Chapelinho?...
(Eu): Sim... o chapelinho no 'û'. Faz lembrar aquelas casas típicas lá deles, não é?