Querida Guitarra
quinta-feira, fevereiro 10, 2005
  Arte e expressão - intenções e formas
Tenho discutido sobre o assunto com um amigo meu. Antes de começar, e porque sei que muitos de vós, que lêem o Correio da Manhã e o 24Horas e a TV7 Dias, acham que estas discussões são "estéreis" e "intelectualóides", digo-vos: se não estão com paciência, não leiam. Do lado direito écrã existe uma lista de blogs que considero de algum interesse (de muito interesse, nalguns casos) e que poderão ajudar-vos a suprir a falta de leitura deste texto. Está feito o aviso.





1- Arte é uma forma de expressão do ser humano. Com que objectivo se expressa o ser humano? Por necessidade? Por vaidade? Por ostentação? Pela simples comunicação? Tenho para mim que, ao expressar-se por qualquer que seja a forma de arte - e desde que esta seja genuina -, o ser humano injecta no objecto criado um pouco de cada um dos objectivos atrás mencionados, bem como outros "tiques" (no bom sentido) que lhe queira imprimir. No fundo, existe uma tentativa de auto-superação, uma busca utópica da perfeição, que ainda que sabida como inexistente e inatingível, é tida, num plano ideológico, como motor de toda a criação.

2- Enquanto forma de comunicação, a expressão artística não deve ter como intenção fundamental ser críptica ou, pelo menos, não sê-lo de um modo gratuito. Mas deve, no entanto, buscar a elevação. O criador não deve submeter-se à vulgaridade do quotidiano, mas antes reinventá-lo, ou mesmo ausentar-se dele, procurando (reinventando) novas paisagens imaginárias e, então, criar sobre elas.

3- A estética é fundamental na criação artística. A busca do belo - mesmo que este se revista de horror - nunca deve ausentar-se do acto de criação. O Homem tem emoção e inteligência. É na união destas duas vertentes que deve buscar a sua própria catarse, atirando ao mundo o seu próprio produto. Existirá no objecto um reflexo do seu criador. Porque o criador deve acrescentar algo, não se limitando a reproduzir objectos anteriores e formas anteriores. Cada criador é único.

4- No limite, e numa abordagem nietzschiana, a transposição da realidade dos homens para a criação artística tem como resultado o vazio e a indiferença. A morte da arte está na sua proximidade ao real/repetição do real. Para eventuais dúvidas, aconselho a leitura d' A Origem da Tragédia.

5- Posto isto, não considero que a obra de arte deva ser de um modo específico, respeitando um padrão pré-estabelecido, mas antes existir e impor-se pela sua individualidade, não esquecendo nunca as razões que a trouxeram ao mundo. Será exagero comparar o urinol de Duchamps ao "Beijo" de Rodin. Mas ambas se mantêm intemporais e únicas.



 
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