Querida Guitarra
quarta-feira, maio 11, 2005
  Phone Call from L.A.
Eram três e tal da manhã, toca o telefone "hello, Guitarist, my good friend, how are you?" era o James Cameron. "Então, cámon, tá-se?" digo-lhe eu. E ele "I'm sorry, I shouldn't be callin' you at this time, you must be finnishing your dinner, huh?" e eu "deixa lá, camarão-men, já estava mesmo a acabar... nhoc nhoc nhoc... foi a última... glup... garfada, vês?". E vou saltar um pedaço da conversa - falámos de trabalho, de relações humanas, do Benfica, da fome em África, de música, da nova Sagres Bohemia, de cinema... Enfim, toda a actualidade mundial foi debatida e revisitada, por assim dizer.

O que o Cameron queria era uma coisa muito simples: "Guitarist, mámên, make a soundtrack for my next movie, please. Pretty please. I beg you. I beg you a lot." E eu disse que sim, que está bem. Mandou-me a sinopse por e-mail e comecei logo a trabalhar no assunto

"The Ultimate Enraged Reaction to a Tsunamic Situation"
(O Perigo à Espreita nas Águas, na versão portuguesa)

starring: Vin Diesel, Jaime Pressly, Russel Crowe and Mena Suvari

special guest-star: Jennifer Garner

featuring: Guitarist Famous (as lonely guitar-player)

music by: Guitarist Famous

written and directed by: James Cameron

sinopse (versão traduzida):

Annette (Jaime Pressly) e Miriam (Mena Suvari) são um casal moderno e com muito bom aspecto, a passar férias nas margens da barragem do Alqueva. Um dia, a caminho de uma discoteca nos arredores de Mértola, encontram Bridget (Jennifer Garner) à beira da estrada, a fazer um pique-nique ao luar. Páram o carro e decidem raptá-la. Há uma luta, muita violência, trajes menores, etc. No fim, Bridget, que tem mais práitca nas artes marciais, leva a melhor sobre o casal, mata Miriam e decide forçar Annette a uma relação sexual escaldante e digna de se ver. Annette não consegue evitar sentir-se atraída por Bridget e acabam a rebolar nas marges do Alqueva, outra vez. Ao fim da noite, vazam os olhos de Miriam e atiram o seu cadáver para a barragem.




(Mena Suvari, antes de perder os olhos)

Aqui é que a história dá a volta. Dentro de água, Miriam, que afinal não está mesmo mesmo mesmo morta, conhece Chuck (um Vin Diesel ao seu melhor nível), um gay perdidamente apaixonado por uma carpa mutante cheia de charme (Russel Crowe com barbatanas). Chuck vê que Miriam é cega e decide ajudá-la a obter a vingança. Fala também com a carpa mutante que, apesar de ser heterossexual, se dispõe a ajudá-los, resistindo ao flirt intenso da personagem de Vin Diesel - no fundo, a carpa mutante deseja fervorosamente o corpo de Mena Suvari, com ou sem olhos. Quem é que o pode censurar?...



(Jaime Pressly mal sabe o que a espera)

Vai daí, convocam um verdadeiro cardume decidido a provocar um cataclismo nas terras circundantes da lagoa artificail, por via da agitação das águas e subsequentes tsunamis consecutivos. O mais impressionante é a forma como Vin Disel e Mena Suvari aguentam 87 dos 98 minutos do filme debaixo de água, contando que, ao contrário de Russel Crowe, não têm guelras.

Acontece que Jennifer Garner não é mulher de se ficar e, ao ver as ondas agigantando-se, faz valer os seus dotes físicos e a sua sobrenatural elasticidade: uma força da natureza leva a melhor sobre uma natureza cheia de força.



(Jennifer Garner mostra os seus dotes)

No fim, Jaime Pressly vai a caminho de uma discoteca nos arredores de Mértola e vê um guitarrista a fazer um pique-nique ao luar e a tocar guitarra. Vai ter com ele e reorienta a sua sexualidade, apaixonam-se e fazem sexo, mesmo ali. Depois do acto e respectivos cigarros, ele toca o genérico e começam a aparecer as letras. FIM

Eu gostei do enredo. Especialmente porque o final é em aberto.

A forma como concebi a banda-sonora é minimalista, contrastando com o habitual aparato de efeitos especiais, mortes, catástrofes, sangue, vidros partidos e barulho dos filmes do Cameron. Sempre em guitarra acústica e com malhas simples, muito concretas, diria quase teimosas.



(Russel Crowe tem mais um desempenho notável)

A música que abre o filme, "Lua de Mel no Alentejo", é muito bonita, calma e promete romance e paixão:

"nós as duas com tão bom aspecto
agarradinhas aos beijos e aos apalpões,
e os portugueses, que até são giros,
com aquele ar de poderosos machões

só a galar a gente e não percebem
que gostamos mais de uma coisa feminina
não queremos homens, apenas o amor
que pode dar qualquer moderna garina"

Na parte em que Garner e Pressly se rebolam junto à água e depois vazam os olhos de Suvari, decidi interpretar um tema cheio de emoção e alguma maldade - e até uma pontinha de picante:

"toma, só para veres o que é bom,
toma, mas agora já não vês nada,
ah ah ah - ah ah ah ah!
ao menos já não morres afogada

eu gosto mais dela, que é mais cavalona,
tem mais andamento e faz a esparregata
com seu ar fatal de mulher machona
ela me bate e o meu corpo se arrebata"

Já nos momentos de flirt entre Vin Diesel e Russel Crowe, tentei tocar uma coisa assim mais leve e descontraída. A letra é muito simples e diz qualquer coisa do género "ai ai ai, se eu fosse uma salmoa as maldades que eu te fazia". Há uma parte mais instrumental quando a acção é mais intensa e há mais estragos - as ondas, os carros a serem arrastados, as vaquinhas a boiar, as esplanadas e os campos de golfe alagados e os alemães em fuga de regresso ao Algarve, etc.

No final, para o genérico, encerro com uma balada bem ao meu jeito:

"és tão tão tão tão gira
como é que isso é possível
que tu sejas tão gira
e com uma beleza assim tão visível?

E agora estás aqui
nos meus braços embrulhada
depois de passares o filme inteiro
com a outra desavergonhada

vocês as miúdas modernas
no fundo querem é carinho
fazemos amor outra vez?
Prometo que entro devagarinho."

Vai ser um êxito de bilheteira!
 
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