Sobre o ser humano - I
Uma questão que hoje em dia se vê arrastada em longos debates durante as tertúlias do rock'n'roll - que também as há, embora com linguagem menos cuidada e conceptual que a utilizada nas tertúlias filosófico-literárias - é a do "bom ser humano". E eu, haja debate, que não me abstenho. Eu sou um chamado "positivista". Porque defendo - porque acredito! - que o artista do rock, tal como alguns outros artistas, pode ser um ser humano positivo.
Reparem que, para quem frequenta o meandro, esta é uma teoria difícil de engolir. Primeiro porque definir um ser humano positivo não é fácil. O que é isso agora de um gajo ser positivo? Lendo tudo de seguida, sem intervalo entre as palavras, até fica a ideia de ser uma pessoa com uma doença infectocontagiosa. E das graves, caramba! E não é nada disso. Um ser humano positivo é um gajo que merece uma estátua, não tanto pelo que deixa para a História vindoura, mas antes pelas memórias e sentimentos que espoleta nos que o rodeiam - desde que estes dois iténs sejam positivos, obviamente.
Agora, fica a pergunta: que artista prefere que se lhe erija um monumento pelas qualidades humanas, em detrimento de um obelisco vistoso que lhe assinale os talentos e a vida de criações? Será que esse artista existe? A existir - e eu acredito que exista -, será tão raro como um baixista competente e disponível.
(Este baixista não é mau; para cúmulo, está indisponível. Muitos como ele pululam por essa América fora. E em Portugal também. Raros são os que prestam e querem ensaiar, na boa.)