Melhor diálogo do fim-de-semana
Este domingo foi dia de audições para vocalista para o meu projecto mais recente, os Quenga Apática. A onda é tipo... fixe. Estávamos eu, o baixista, o baterista, o motorista e o audicion... auditiv... auditocion... um rapaz que queria ser nosso vocalista e que estava lá dentro, no estúdio. Eu intercomunicava com ele pelo intercomunicador.(Eu): Oh... (virando-me para os outros)... como é que ele se chama?
(Baixista, que tem jeito para nomes): Té.
(Eu): Ãh?
(Baixista): Té.
(Eu): Té?!... É japonês?
(Baixista): Nope. É meio... vzzztt... tu sabes... (motorista e baterista riram com escárnio miudinho)
(Eu, pelo intercomunicador, que o gajo estava no estúdio, lá dentro): Oh... Té... é Té não è?
(Baterista, cantarolando samba): ah-tététété té-té-té tétété...
(Té): É. Té.
(Eu): Pois... oh Té, isto não te está a correr muito bem... pá.
(Té): Té.
(Eu): Ãh?
(Té): Não é Pá. É Té.
(Eu): 'Tá.
(Té): Té.
(Eu): Ok ok ok, já percebi que é Té. Mas ouviste o que eu te disse?
(Té): Sim... que já percebeste o meu nick.
(Eu, para os outros na sala): O quê?
(Motorista): O nick.
(Eu): Mas qual Nick?
(Baixista, que tem jeito para nomes): Não é Nick de Nick. É nick... como em "nick". Com minúscula.
(Eu, decidido e confuso): Pá, oh Té, não me confundas, meu...
(Té): 'Tá.
(Eu): Olha... essa maneira de cantar é... pfffff... assim a puxar ao abichanado, meu...
(baixista, baterista e motorista riram com escárnio miudinho. O motorista engasgou-se com a cerveja.)
(Eu): 'Tão?!... Estamos a brincar? (ligando o intercomunicador) Ó Té... 'tás a ver a cena?
(Té): ... errrrrrrr... não, man...
(Baterista): Guitas, deixa que eu falo com ele. (liga o intercomunicador) Pá, Té... 'tás a cantar tipo... parece que tens um dedo enfiado no rabo...
(o motorista rebolou a rir)
(Eu, para o baixista): Qual é a piada?
(Baixista): É que o gajo é... tipo... vzzzztt... tu sabes... Té?!... Que raio de nick é Té?... Não é?
(Eu): Ãh?...
(Té): É o meu tom...
(Baterista): Pois... mas é um tom de merda... Não dá para fazer mais voz de... sei lá... de homem?
(Té, ensaiando o cantarolar): "regava-te com petróleo / de um candeeiro velho / que tenho lá em casa"...
(Baterista): Não, não, não... pareces o Michael Jackson...
(Eu, apoderando-me do intercomunicador): Oh Té... mais garra, meu... tipo "REGAVA-TE COM PETRÓLEO / DE UM CANDEEIRO VELHO / QUE TENHO LÁ EM CASA"...
(Motorista): Ouvi dizer que havia vocalistas que usavam essa técnica.
(Baixista): Qual técnica?
(Motorista): Isso... do... da cena... de meter o dedo no rabo... p'ra cantar mais fino.
(Eu): 'Tás parvo?
(Motorista): A sério... Eu acredito que sim. Olha, por exemplo aquele chavalinho da Ala dos Namorados, o... como é que ele se chama?
(Baixista, que tem jeito para nomes): O... não sei quantos Guerreiro... Nuno! Nuno Guerreiro.
(Eu, convictamente incrédulo): O Nuno Guerreiro mete um dedo no rabo?... E depois canta?
(Baterista, fumando, pensativo): Yá, faz sentido...
(Eu): Man, vou-me embora...
(Baixista, bebendo, pensativo): É capaz de ser verdade, yá...
(Eu, pelo intercomunicador): Oh Té... tu... usas alguma técnica especial... p'ra cantar?
(Té): Bem... eu... (SOCO NO INTERCOMUNICADOR!)
(Eu, visivelmente irritado): Olha, arranjem-me um vocalista como deve ser! (gritando lá para dentro) TÉ, 'TÁS DISPENSADO! (para os outros) VOU BEBER UMA MINI!!!