Constatação
No início de uma carreira musical, sobes a um palco, dás o teu melhor durante duas horas, aplicas-te e, chegado o fim do gig, pensas
"p'ra quê, caralho? Parece que 'tá tudo a dormir..." Vá lá que meia-dúzia de familiares e amigos te bata palmas previsíveis e pouco entusiastas no intervalo entre as músicas do set. No fim, fingem que estão a pedir encore. No fundo, estão tão desejosos que aquilo acabe como tu.
Quando te tornas famoso e vendes discos à fartazana e tens dinheiro p'ra cenas tipo coca e fins-de-semana em SPA's e jactos privados, tens 30 mil macacos a olhar para ti, sobes ao palco, dás uma nota solta e dizes "hey!". É vê-los em delírio! Os gajos nem acreditam, gostavam de ser cool'es e ter pinta como tu, dão saltos, grunhem "yeeaahhhhhh" e cenas desse estilo. Há quem atire a ganza p'ró chão ainda a meio do charuto só p'ra bater palmas! As gajas então até se perdem: esticam os braços p'ra ti e fazem, "ahhhhhhhhhhh!" em gritinhos histéricos e incontidos, choram, ficam ranhosas de emoção. As que eu gosto mais são aquelas que, às cavalitas do namorado, levantam a t-shirt e mostram as mamas. E porquê? Porque chegaste ao palco, deste uma nota solta e exclamaste "hey", eis o porquê. Porque te adoram. Porque sonham contigo. Há quem se venha... As gajas das mamas, quase de certezinha.
Isto tudo a propósito do post anterior. Tem dias em que escrevo páginas e páginas de brilho, inteligência, argúcia, perspicácia, sabedoria... e quantos comentários? Três ou quatro, quase todos a dizer
"como é logo à noite? 'Tás por aí?" Ontem escrevo uma linha e o que acontece? O meu súbdito povo auditivo delira, até se esfrega no teclado, no rato, no monitor...
Olha, p'ra vocês:
Hey! (tcherlooooiiiiinnnn....)