Músicos freak

"Alto e pára o baile!" exclama, visivelmente irritado, José António (de óculos e boné azul), manêiger dos Quinta do Bill. "Falta aqui o técnico de som!" É bem verdade: como pode ver-se, à direita da imagem, a mesa está vazia. O técnico de som, das duas uma: ou foi buscar mais uma mini; ou já anda outra vez metido com essas galdérias de aldeia que, sempre que vêem gente famosa, ficam doidinhas. "Aqui ninguém toca sem técnico de som!" O público protesta "buuuuu..." Mas pouco. Havia pouco pública - a popularidade dos Quinta do Bill, oh... foi chão que já deu uvas. "Eu paguei bilhete!" grita alguém, encostado à quermesse - um engraçadinho que, logo a seguir, se volta novamente para a menina com o cesto das rifas, pisca-lhe o olho e, com sorriso maroto, diz em sussurro "'tou só a entrar c'os bacanos". Hum, giro. "Ó Zé Tó, partiu-se-me outra vez a corda do violão, pá" diz aquele rapaz do colete vermelho, com ar transtornado. "Dá-lhe outro nó. Se calhar o nó que fizeste não estava bem feito. Devias ter ido à tropa. Na tropa aprende-se os nós..." "Eu não fui à tropa porque tenho pé chato, não tenho a culpa...", remata o do colete. Mais resguardado, o gajo da concertina, ali agachado, tenta não dar nas vistas. Pertencerá mesmo aos Quinta do Bill? Será um penetra? E, já agora, onde é que anda o gajo do banjo? E o outro do violino? Hã? Eu tenho para mim que isto eles foram os dois tirar rifas, mais o técnico de som. O mal das festas de aldeia é que têm muita distracção. Se calhar o gajo da piadinha do "ah, eu paguei bilhete" de há bocado, encostado à quermesse, até é mesmo o bacano do banjo. Não sei... nunca fiando.