Coisas que me chateiam
Eu não costumo falar destas coisas, mas ando um bocado aborrecido. Primeiro é a história dos cartoons e dos muçulmanos que querem decapitar tudo quanto seja dinamarquês. Realmente, é estranho que se caricature Maomé com uma bomba na cabeça, a fazer de turbante. Onde raio terão ido os caricaturistas buscar essa ideia malvada? Mas também ninguém me tira da cabeça que toda esta situação resulta de uma certa ingenuidade (ganância?) dos média ocidentais: fizeram publicidade gratuita a um assunto sem importância, servindo os interesses dos propagandistas manipuladores de massas (não, não estou a falar do pessoal do Chapitô) fundamentalistas islâmicos. O que deveria ter sido uma tempestade num copo de água transformou-se num furacão numa piscina. Esperemos que fique por aqui. E esperemos que esta hesitação de estados e instituições europeias, juntamente com os seus lamentáveis pedidos de desculpas, não resulte também nalguma espécie de limitação legislada à liberdade de expressão.
Depois há outra coisa:
O Segredo de Brockeback Mountain. Por mim, tudo bem. Querem fazer filmes com caubóis marquinhas aos beijinhos, força aí. Agora, não me enfiem o filme pelos olhos dentro - aliás, neste contexto, nem sei se a expressão é a mais indicada. Todos os dias eu leio que o filme é sublime, que é delicado, que é terno, que é sensível, que é bom para as donas de casa deprimidas, para quarentões que ainda não saíram do armário, que é um bálsamo para as artroses, que os actores são fofinhos, blá blá blá blá e que é um grande sucesso, mesmo entre as correntes mais conservadoras. Caríssimos: com quantidades gigantescas de publicidade gratuita e apologias em catadupa de filmes com veados a cavalo, surpresa era se ninguém fosse espreitar a obra. É a mesma coisa que o
Crime do Padre Amaro: ora, se põem a
Soraia Chaves de maminhas à mostra na treila da promoção, queriam o quê? Salas vazias? Isto é tudo uma conspiração da ILGA!
Aquele padre Amaro é um criminoso!, sussurrou Soraia ao ouvido do Guitarrista.