Crítica musical: Nonstop
Antes de mais, há que mandar um recadinho para a lourinha da direita. Essa técnica da água oxigenada para alourar os pêlos das pernas resulta bem na adolescência e até pode ser aceite como último recurso para as primeiras idas à praia. Agora, num festival da canção, visto por milhões de telespectadores, aconselha-se, no mínimo, o uso da Gillette Venus (isto foi trabalho de investigação, eu não me depilo). É que, como se vê, a contra-luz não favorece as pernas com pilosidades inadvertidamente erectas. Aliás, especialmente as erectas. Bem sei que a ocasião era excitante, mas recomenda-se um certo pudor em frente às câmaras.
A verdade é que esta introdução serve, no fundo, para disfarçar. Podia ter arrancado o texto com um chavão muito pop, com um lugar-comum à la Blitz (R.I.P.) ou com uma atirada airosa ou sarcástica ou outra cena qualquer, que me faltam agora os adjectivos. Só que acontece que, de cada vez que vou para ouvir as Nonstop, me acontece uma - às vezes até mais - de uma longa lista de desculpas esfarrapadas que me impede de lhes prestar atenção: ora perco o autocarro e não chego a casa a tempo, ora me falta a luz, ora se me avaria a aparelhagem, ora se me acabam as pilhas do aparelho dos ouvidos... enfim, um sem número de imponderáveis que anda sempre à espreita e, na primeira ocasião em que possam ser inconvenientes, zunga, acontecem. Ou seja, conheço tão bem as músicas das Nostop como conheço os seus antepassados da quinta geração.
Logicamente, isto não impede que lhes faça a crítica. Quando assumo uma tarefa, levo-a até ao fim. Continuemos, então. Primeiro tenho a dizer que aquele tipo de botas, quando foi usado pela Cher, na sua adolescência, já estava um bocado demodé. Mais um ponto negativos, sem dúvidas. Prefiro não comentar os sapatos da segunda a contar da esquerda. Mas também há pontos positivos. Por exemplo, aprecio generosamente a constituição coxial da moreninha, segunda a contar da esquerda. Aquela com os pêlos, claro, é prejudicada. Só de imaginar os pêlos na língua... adiante. A mais moreninha de todas, a primeira da esquerda, também tem bom ar. Mas aquelas calças terão sido, com toda a certeza, uma precipitação sua. Um descuido, um acidente. Espero eu. E parece ter uma certa barriguinha. Se bem que eu até goste de barrinhas. Desde que não tenham banha. Nem pêlos, já agora. Para terminar, acho que a senhora das luvas de ciclista, com a crista rosa-choque, acabou por ser o principal motivo da eliminação das Nonstop nas semi-finais. Disse-me o Carlos Castro, esse digníssimo cronista social (aquele muito bicharoco que diz que o Joaquim Monchique é "chiquérrimo"), também ele uma pessoa indignadíssima com a vitória dos Lordi. Pudera.
Posto isto e expostos os argumentos, não me resta outra alternativa senão dar-lhes um
3/10. 4 pontos por cada morena, menos 2,5 por cada uma das outras.