Querida Guitarra
segunda-feira, março 27, 2006
  A Cigarra e a Formiga - remix
Era uma vez uma cigarra que passou um verão inteiro a cantar, nos festivais da Zambujeira e de Paredes de Coura e isso. E também era uma vez uma formiga que, como tinha pais pobres e quase analfabetos e que tirava más notas na escola e que passou o verão inteiro a trabalhar - por sinal, num sítio um bocado xunga, ali no Bairro Alto, que, ainda assim, passava um som razoável. A formiga foi poupando o dinheirinho que ia trazendo das suas noites de trabalho para poder comprar umas coisitas para si e, quem sabe, ir ver uns concertos na rentrée, enquanto a cigarra ia depositando na sua avultada conta bancária cheques com muitos zeros que davam para comprar, cada um deles, uma data coisas e ver os concertos que lhe apetecesse.


Tapete do quarto da cigarra. Pormenor.

Até que numa noite de loucura e grande bebedeira, a formiga comprou uma quantidade algo exagerada de droga. A droga, já se sabe, é cara e vai que é um instante. Fumou e snifou até cair para o lado, ou seja, estoirou tudo o que tinha ganho durante um verão inteiro de trabalho e nem sequer tirou grande proveito disso. A não ser uma ressaca descomunal, com vómitos e tudo.


"'Tás a ver? Isto é um lá..."

Certo dia, lá nesse bar do Bairro Alto, entra a cigarra, toda pomposa e convencida, mesmo naquela à rock star. A formiga admirava muito das músicas da cigarra e gostava de ir ver o concerto da sua banda, que ia ser no Coliseu, a fechar a tournée de Verão. Vai daí, põe-se a pedir um autógrafo à cigarra. E a cigarra, amável e experiente nestas andanças de ser famosa, vai e dá-lho, muito sorridente. A formiga nisto perde a vergonha e diz "ah, ó cigarra, eu curto bué do vosso som e gostava de ir ver o vosso concerto ao coliseu". E a cigarra "ah, pois". E a formiga, ainda mais desinibida "só que eu andei a trabalhar o verão inteiro e"... e a cigarra "ah ah ah, e eu andei a cantar o verão inteiro..." e a formiga "só que gastei o meu dinheirinho todo na droga e agora não tenho como comprar o bilhete... não me podes arranjar uma entrada à pala?". "Não" disse a cigarra. E a formiga "ah, então e agora o que é que eu faço?" e a cigarra "olha, filha, agora canta. No metro ganham-se uns trocos".

Não sei se estão a ver a moral da história.
 
Comments:
Não há droga?! Temos que nos orientar! Mas... Eu já não tenho massa! Ó sr. guitarrista famoso.. não me dá um autógrafo que.. acho que já vale umas coroas..
 
Frio, frio... Andam todos longe do cerne, do âmago. Da cena.
 
Não quero ser repetitivo, mas não podemos confundir "não há droga"(que é sempre uma chatice) com "não à droga"(que é uma afirmação também um pouco chata).
A moral é: tocar, e nunca idolatrar. Será?
 
A cigarra é uma cretina?
Qualquer rock star de jeito ao ouvir que o dinheiro tinha sido gasto em droga, ofereceria imediatamente passes para o backstage. É o mínimo.
Guitas, não farias isso?
 
Depende. Se a formiga fosse jeitosa, podíamos chegar a um acordo...

O Zamot anda lá perto.
 
Nãogastesodiheirodoconcertoemdrogaouvaisterquepediraalguemparapagarobilheteelixas-te.
 
Frio, frio, frio... Mas também podia ser.
 
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
 
Eu sei eu sei!
Não compres droga. Vende-a e terás dinheiro para ires a todos os concertos. Ainda terás a vantagem de poder conhecer qualquer músico que se preze (endrogado).
É não é?
deve ser...
áh!
 
Boa, Brigitte. Para loura, tens uma perspicácia quase humana. Nada mau, hein? Fónix...
 
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